segunda-feira, 9 de novembro de 2009

DE TEMPOS EM TEMPOS
Por: William Vicente Borges

De tempos em tempos algo acontece
e eu tenho que mergulhar no
mar novamente, sem oxigênio.
E vou o mais fundo que posso
Será esta minha natureza impetuosa?

Numa escala de um a mil vou a milhão
num palpitar continuo deste meu coração
sempre pronto para nunca parar.

De tempos em tempos minha poesia
vai do céu ao inferno
do oriente ao ocidente
da dúvida a fé.

E não sou inconstante, é incontrolável
o desejo de viver todas as emoções
que numa vida só não dá pra viver.

Meu analista era consul da Macedônia
e não desvendou meu inconsciente
na verdade meus oitenta e cinco por cento
de mim mesmo estão escondidos
nesta neve idilica e não podem ser
desvendados nem no verão.

De tempos em tempos vou ao jardim
e as borboletas me cercam
e eu crio asas e voo com elas
por entre folhas e flores e sonhos
e amores e sonhos e amarguras e mel.

Do que sou feito? De sentimentos a
flor da pele em chamas o tempo todo.
Quando as amarras se soltam saio
pelo campo correndo como garanhão
sou veloz, imponente e pronto.
Não há obstáculos que não transponha.

De tempos em tempos apenas contemplo,
e entro num barquinho frágil
e vou simplesmente navegando sem leme
o vento sopra e eu vou.
Passo por perigos, tempestades, dissabores
mas aporto numa praia segura
numa ilha qualquer chamada paixão.

E então tudo começa novamente
sonhos se renovam, reconstruções
oníricas que se realizam e sou
encontrado de novo para ser salvo

Salvo de mim mesmo!

De tempos em tempos me descubro
me desnudo, me dedico, e amo,
amo como quem nunca teve um amor
e de novo o primeiro amor nasce
assim as noites estreladas com uma
lua sempre cheia me inspira e a musa
se regala em carinhos.

De tempos em tempos
tudo acontece comigo!
As estações se repetem
mas nunca são as mesmas.
Nunca!

.......................
Inverno de 2009

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